אני תלוי באלוהים כל הזמן

domingo, 24 de outubro de 2010

"... MIRAGEM OU REALIDADE?"

                                          Por Álef Rosh Benavraham

Dizem que sabem tudo de mim, mas eu mesmo não sei o que sou! Penso ser apenas o processo inacabado de algo que não foi revelado... Uma massa flácida, esculpível por mãos insanas que produzem formas inusitadas... e logo depois a amassa para fazer outras coisas disformes! Sigo desvencilhado de estereótipos, arrancando rótulos, embaralhando palavras... Há quem diga que sou hippie, por julgar que sou desapegado à matéria, tão livre quanto um escravo do próprio mundo e das próprias regras! Mas em que mundo vivo? Meus pés passeiam por aqui, junto aos seus, enquanto meus pensamentos divagam em universos desconhecidos e sem fronteiras... Por isto dizem que sou álien! Acaso sabem quantos eus há em mim? Quão plural e multiforme posso ser? Quão indefinido e imperscrutável? Sei que de tolices em tolices, prosseguem adjetivando o meu ser... tentando nominar o inominável-mutante ou conter o incontível! Tentam definir-me pela sombra! Mas a luz não revela o tamanho exato do meu ser e nem projeta o que há em meu interior... Dentro de mim há mil chaves para cada compartimento! Quem saberá todas as senhas de acesso? Só as revelo a quem quero! ...Mas não posso afirmar que sou fígado, coração, intestino, dente, perna ou cérebro! Apenas sou o holos-humano: complexo e simples, conhecido e enigmático, concreto e virtual... que ainda precisa ser desvendado! Busco transcender a mim mesmo e a meus próprios mundos interiores... Mas as vezes movo-me sob os próprios pés para não ser percebido em minha insignificância! ...Não busco ter certeza se o meu universo é finito ou infinito! Que diferença isto faria? O tamanho que sou por dentro já é confortável o bastante para mim! Se estou em expansão, jamais poderei conhecer-me totalmente! Se estou em retração, um dia reduzir-me-ei a um único adjetivo, até que venha outro big-bang - implosão e explosão - para recriar-me em milhares de indizíveis fragmentos! Já morri e renasci tantas vezes, tive tantos recomeços, tantas reconstruções... que de tudo o que eu poderia ser, não sou nada mesmo! Não deixo rastros, forjo alvos, crio atalhos, inverto setas, busco caminhos mais longos entre os pontos, uso cortinas de fumaça, invento outras codificações à linguagem... E quem decodificar-me-á? Quem poderá ter certeza do que sou ou onde pretendo chegar? Qual das minhas faces é possível enxergar? Qual das minhas máscaras? Sou o fantoche de mim mesmo: manipulo-me e conduzo-me nesta grande brincadeira circense! Minha vida é uma doce ilusão, teatral zombaria... Parte de mim encena o espetáculo ilusionista, outra se move por trás das cortinas! Faço todos rirem de mim e comigo, pois sou um saudoso deboche! Mas há quem arrisque dizer que também sou o próprio choro convertido em risos, o uivo de dor transformado em gargalhadas, o sofrimento regenerado em esperança! Não é fácil ser o fim do recomeço e o recomeço do fim, a insurreição e a ressurreição, num alucinante ritmo cíclico... Ao menos, assim, não há quem tenha inveja de mim! Ninguém quererá para si tantas incertezas, curvas, paradoxos, inseguranças! Sou feliz em meio a choros, triste em meio a risos! Sou a inconstância e a dúvida em perfeita harmonia! Sou plural, dual, uno, nada... E em mim só permanece aquilo que a própria vida entalha! Mesmo assim, cicatrizo-me, regenero-me, supero-me e recrio-me, como um espelho sendo polido para que cada um só possa enxergar em mim aquilo que não consegue ver em si mesmo! ...Pois só me revelo a quem me ama!  
(Acesse também: http://escritortav.blogspot.com/)

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