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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Poesia Social (da 01 a 05)

Livro: Lendas de Um Coração - Poesia em Defesa da Igualdade - Vol. I-2,
Autor: Álef Rosh Benavraham
Total: 100 Poesias.




1.      NASCIMENTO SOCIAL

Quebrei a casca do ovo cósmico,
Desabrochei à vida,
Redescobri o mundo daqui...
Atrás ficaram cascas-mortas
De universos interiores,
Das dores de ser egoisticamente só,
Das dores de nem ser...
Estou reconstituindo-me:
Religando outros mundos e gentes
Ao fundo luminoso de mim...
Não sou mais o ovo do poeta-encoberto,
Não sou mais o feto-eremita
Perdido no infecundo deserto de si...
Quebrei o ovo-silêncio,
Destruí infinitas barreiras à luz,
Passei a interagir com o mundo
Em suas múltiplas carências...



2.      ANIMAL RACIONAL

Como em qualquer animal,
Meu sistema nervoso aguça
O instinto de sobrevivência,
Produz adrenalina,
Impulsiva reação...
Num ato repentino,
Não penso, nem sinto,
Apenas escrevo com riscos
Que surgem do capricho
De combinações eletro-químicas...
Neurônios, dentritos, axônios,
Na roleta russa do cérebro,
Na química incerta
De conexões não pensadas...
É assim que escrevo,
Ejaculando tinta,
Combinando letras
Numa descarga neurológica,
Numa luta instintiva
Pela preservação da vida
No nosso planeta...



3.      AMBIENTE BRASILEIRO

No ritmo de sim senhor, não senhor,
Ninguém atura a maritaca
E o quero-quero não tem vez...
Bebida também não entra,
Ficando de fora até o gambá...
Ninguém papa moscas,
A ordem é marchar,
Pois sapo que anda
Não engole cobra...
Também se combate
O abraço de tamanduá,
Bafo de onça,
Preguiça, galo de briga,
E todos que tem rabo preso...
A tartaruga, coitada,
É lerda, lesada;
Na hora da bomba,
Não corre, se mata...
O boca grande,
Que na hora do papo
Sempre amarela,
Jacaré de papo amarelo,
É tido como covarde
E bóia no lago...
A sábia sabiá que sabia demais
E o bocudo que sempre alarma:
Bem te vi soldado valente,
Bem te vi bomba mortal,
Na queima da mata
Eles sempre se vão...
Lá ninguém paga mico,
Se apaga o mico
Por causa da banana...
A banana sempre explode,
Apaga o macaco, queima o mato...
E o pobre tatu morre no buraco
Como todo bicho pobre...



4.      CORRUPÇÃO

Quero uma garrafa
Cheia de ácido sulfúrico,
Vou tomar um porre
De corrupção...
Corroer meus bons costumes,
Desgastar a opinião,
Perder o próprio rumo
Na busca da razão...
Para ver se me acostumo
Com a situação...
Ou se terei repulsa,
Vivendo a morte súbita,
Afogado em vômito e sangue,
Sozinho, no chão...



5.      BICHO QUE É BICHO

Bicho que é bicho
Não tem ódio,
Não tem ambição,
Não tem artilharia...
Bicho que é bicho
Não é tirano,
Não é profano,
Não é consumista...
Bicho que é bicho
Não é manipulador,
Não é subversivo,
Não é hipócrita...
Bicho que é bicho
Vive pelo verde,
Vive pela cria,
Vive pela pátria...





Poesia Social (da 06 a 10)

(Continuação...)

Livro: Lendas de Um Coração - Poesia em Defesa da Igualdade - Vol. I-2,
Autor: Álef Rosh Benavraham
Total: 100 Poesias.




6.      RATO DE GABINETE

Estou quase comendo
Na ratoeira
De gatos escaldados,
Ou servindo de cobaia
Em politicagens eleitoreiras...
Nunca consigo
Comer o queijo oferecido,
Não me servem no prato,
Nem de mão beijada...
Quando eu comer migalhas
De um queijo fácil,
Ficarei preso na ratoeira
Daqueles que se alimentam
De todo rato de esgoto
Que possa incomodá-los
No lixo de seus gabinetes...



7.      COLHEITA MAL  DITA

Produtores de plantas artificiais,
Artífices do caos nacional,
Que só semeiam e cultivam
A cultura do dólar...
Exportadores de marmeladas,
Importadores de ópio,
Que constroem arenas populares
E apostam no sangue
Do trabalhador que vive lutando...
Apostam na bolsa de valores,
Esvaziam a bolsa e o bolso
Dessa gente que morre apanhando
Nas arenas industriais...
Industrializam tudo e todos
Em nome do vil capital,
Criam mercados selvagens
Onde o instinto chama-se ganância,
Onde a luta só é ganha
Com artifícios da corrupção...
Mercenários artificiais,
Belas plantas ornamentais
Que não tem nada além
De seivas podres e secas,
Profundas raízes do mal,
Ambigüidade ética
E dualismo moral...
Defendem plástico, papel,
Ferro, pau e exploração
De indústrias poluentes
Que obrigam crianças miseráveis
E suas famílias analfabetas
A serem operárias do caos...
Dependentes químicos do formol,
Com multiformes facetas disformes,
Sem vida, sem alma, sem luz,
Sem dignidade natural...
Amantes da artificialidade
E do verde do dólar,
Defensores de taxas e impostos,
Impostores por natureza...
Cultivados pela máfia do sistema,
Pulverizados pelo estrangeiro,
Envernizados pela mídia
E escolhidos por cada um de nós
Nestas últimas colheitas
De gigantesca plantas carnívoras...



8.      CIDADANIA VIRA-LATA

Você me agride, humilha,
Pisa na minha vaidade,
Defeca sobre meu brio,
Trata-me com piedade...
Enquanto preciso de colo,
Carinho, elogio, atenção,
De brincar com você,
Rolar ao tapete
No lugar do poodle...
Mas você, sempre frio,
Volta a insinuar
Que devo ficar satisfeito,
Agraciado,
Por você me criar assim,
Preso na coleira,
Como cachorro leproso
Que precisa só de ração...
Vive cobrando
Que eu abane o rabinho,
Enquanto mijo-me de medo,
Encolhido, adestro,
Sem latir ou rosnar...
Engulo minhas mágoas,
Uivo sozinho num canto,
Com medo de ser visto
Como vira-lata infiel,
Levado pela carrocinha...
Talvez fosse melhor
Arrebentar a corrente,
Rosnar, morder, dilacerar,
Fugir como pit bull raivoso,
Sem dono, sem destino,
Relutante pela vida...



9.      CIDADÃO-QUEM

...Quem se camufla de imunidade
Para se manter impune,
Enquanto o corporativismo
O esconde por trás
Do admirável patriotismo
E da segurança nacional?
...Quem dita normas
E impõe soluções democráticas
Para lavar o dinheiro sujo
E sujar a imagem do Brasil?
...Quem agride o ecossistema,
Fazendo vistas grossas,
Ou explorando riquezas naturais
Para despachá-las pelos fundos;
Pisando nas reais necessidades
Do meio ambiente,
Cuja vítima central
É o pobre homo sapiens
Que nunca sabe de nada?
...Quem mantém o pobre
Como bicho irracional,
Incapaz de aprender, evoluir,
Prosperar e participar ativamente
Nas decisões político-sociais?
...Quem sustenta nossa pátria
Como imenso zoológico
E rentável criação
De burros de cargas?
...Quem é o deus da corrupção,
Imponente e soberano,
Que se coloca a articular
O destino dos bichos-brasileiros,
Dos escravos remunerados,
Das escórias migratórias?
...Quem?



10.      VAZIO

Gente oca,
Cheia de um vazio
Que martela no fundo
E ecoa pelo vácuo
Da fome escrava do pão...
Vazio é o estômago,
Cheio de úlceras nervosas,
Do estresse que alimenta
E atormenta essa gente
Desesperada e enlouquecida
Com o vazio de Deus...
Vazio de tudo,
Tudo vazio por dentro,
Cheio de choro e lamento,
De mágoa e pavor...
Povo cheio de Deus
Na incessante busca vazia
De vinho e de pão...


Poesia Social (da 11 a 15)

(Continuação...)

Livro: Lendas de Um Coração - Poesia em Defesa da Igualdade - Vol. I-2,
Autor: Álef Rosh Benavraham
Total: 100 Poesias.



11.      PARTIDARISMOS

Radical é ser azul
No contorno opaco
De um dia nublado,
Querendo ser retângulo
Enquanto a Terra é redonda...
Nada de dizer parábolas
No ocidente da obviedade,
Não há necessidade
De se fanatizar pelo verde
Num planeta azul...
Radical é ser amarelo
Como subnutrido chinês,
Cavalgar sobre a grama
Queimada do sol.
Enquanto se busca a paz
No branco da bandeira...
Mudar o destino escrito
Na decadente constelação
De um céu desordenado
É ato fanático
De radicais brasileiros...
Ser verde, amarelo,
Azul ou branco
Na controvérsia simbólica
Da nossa nação,
É patriotismo louco
De radicais sem cor...



12.      MATA VIRGEM

Mata a virgem
Antes que dê cria,
Antes que torne-se sagrada
E canonizada pelo povo...
Mata virgem,
Descabaçada pela guerra,
Ignorada pelo povo
Enquanto aborta a cria...
Mata-virgem,
Tradição profana
Que combate a cria,
O salvador da mata...
Mata e desmata a mata
Enquanto a virgem agoniza,
Abortando a cria
Diante dos nossos olhos...



13.      FRUTO DO SISTEMA

Tem gente coisificada,
Como pedra vegetativa
E carne calcificada...
Livre dentro da gaiola,
Plugada às parabólicas:
Herdando curtos-circuitos
Na rede de neurônios,
Carbonizando pensamentos...



14.      CONTROVÉRSIAS

Erguem moradias
Em campos neonazistas
Arquitetados para o holocausto...
Subjugam o povo
Ao sistema fascista
Que impera camuflado
No século do humanismo...
Antropocentrismo dialético,
Recheado de sadismo;
Crueldade desmedida e despida
Diante dos olhos abertos
De quem não quer ver...
De quem só tem ouvidos férteis
Às mensagens subliminares
Do despotismo dominante
Que inflama os homens
Pela força da arma,
Pela manipulação da mente,
Enquanto cultivam-se
Sementes estéreis
Dos direitos humanos...
As massas cinzentas,
Afogadas em vermelho-vivo,
Como retratos das atocidades
E barbáries políticas
Que até cego enxergaria,
Permanecem ocultas
Aos olhos céticos
E ao coração iludido
De quem deveria apenas
Ter ouvidos surdos
Aos discursos sofistas...



15.      INJUSTA CEGUEIRA

A justiça é cega,
Com ouvidos de tuberculoso,
Mãos estendidas à porta...
Quem a guia é a águia,
A coruja, a naja,
Ou cães de guarda...
A justiça é pobre de alma,
Necessita de caridades,
De quem a agrade
Ao pé do ouvido...
No mundo dos pobres,
A justiça ainda se faz de surda,
Muda e até tetraplégica...


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