Poesia Social (da 16 a 20)

(Continuação...)

Livro: Lendas de Um Coração - Poesia em Defesa da Igualdade - Vol. I-2,
Autor: Álef Rosh Benavraham
Total: 100 Poesias.

16.       ...ATIRE-SE!

Tem sempre um culpado,

Um responsável,

Um Judas a ser malhado

Para aliviar a culpa

De quem só sabe atirar pedras...

Nos perdemos entre pedras,

Erramos os alvos,

Simplesmente erramos

Em atirá-las...

Talvez, num surto,

Alguém descubra a solução

De atirar-se como pedra fundamental,

De doar-se por inteiro

Às transformações relevantes,

À evolução dos tempos,

À preservação do meio...

17.      FILHO DA TERRA

Um dia mordeu o peito,

Cuspiu o leite,

Rejeitou afeto materno...

Hoje reconhece o valor da mãe,

Das sanções e canções

Que o fazem crescer...

Reacionário afetuoso,

Movido pelo amor sincero,

Jura não abandoná-la

À míngua, doente, cansada,

Esquecida no asilo cósmico...

Ai dos filhos

Por sugarem o leite

Até murcharem as tetas,

Até secar a mãe...

Por provocarem

O envelhecimento precoce

Até deixar-nos órfãos,

Á deriva da solidão...

Ai dos que despertarem

O reacionário em potencial

Adormecido no coração de menino,

Do filho homem-menino...

Ele jurou lealdade ao leite

Que o mantém vivo,

À mãe que lhe dá leite,

Que o gerou das entranhas

Para ser guerreiro...

18.      RIO

Vão chorar minha sorte,

Querem rir da minha morte,

Como rio da vida...

E o rio da vida

Leva-me de encontro

Ao mar de possibilidades...

Fico lançado à sorte,

Entre a vida e a morte,

Entre o rio e o mar...

Que não seja mar de lágrimas,

Ou rio de sangue,

Que não haja piranhas

Ou tubarões famintos...

Faminto já basta eu,

Sangue já basta o meu...

Enquanto derramo lágrimas,

Derramo a vida pelo rio:

Rio da vida, rio da sorte,

Rio da morte, rio de tudo...

Nisto sou levado rindo

Pela correnteza forte

Do Rio de Janeiro...

19.      HEMORRÁGICO ESFORÇO

Meus neurônios circulam nas veias,

Nada estanca o idealismo hemorrágico

Que se perde ao acaso da dor...

Dói ver sangrarem todo esforço e vida

Que dediquei aos altruísticos sonhos,

Dói ainda mais testemunhar

O afogamento sangrento da esperança...

Acidente vascular cerebral

Na mente imaterial do ser,

Hemorragia incontida da alma,

Dor que atormenta o espírito

No corpo transubstanciado em inferno...

Que vontade de gritar por socorro,

Cair em suplício metafísico,

Ajuntar vestígios dos meus genes-poéticos

Para tentar clonar-me noutro mundo:

Onde a luta pela igualdade não seja em vão...

20.      CORAÇÃO SONHADOR

Deviam semear mundos

Onde casas não brotassem

Dos morros,

O céu não desabasse

Sobre cabeças de um povo,

Nem sonhos se esmagassem

Sob pés descalços e calejados...

Deviam criar metrópoles

Que não fossem parideiras

De cria doente e fraca,

Que tateia na lama movediça

Para enxergar o caminho

Na marcha triste

Que une currais distantes...

Deviam erguer subúrbios

Que não fossem alimentados

Com restos celestes,

Onde pelo menos preces

Fossem atendidas...


Se quiser continuar lendo, escolha a numeração na coluna do índice de arquivos, à direita, no topo da página. Ou clique abaixo:
http://escritoralef.blogspot.com/2010/12/poesia-social-da-21-25.html