אני תלוי באלוהים כל הזמן

domingo, 24 de outubro de 2010

“...SOU MEIO OU INTEIRO?”


                       Por Álef Rosh Benavraham

       ...Sou um vazio astronômico, tal como o nada que principia todas as coisas. E querem que eu me preencha com adereços intelectuais, plumas emocionais, futilidades e inutilidades existenciais, com sobras e resíduos transcendentais... mas prefiro permanecer inominável. Dizem até que sou escritor, mas sei que apenas não caibo em mim mesmo e preciso excretar meus pensamentos em livros: papéis que alimentarão fogueiras para dizimar toda inconcretude interior, a fim de que somente o vazio continue a me moldar. ...Querem que eu me compare com outros seres: os pensantes e os impensantes, mas jamais assemelhar-me-ía a eles ou a quaisquer outras criaturas. Em vão tento buscar um singelo adjetivo análogo que melhor me caracterize, que não me descaracterize pela limitude do rótulo... Pensar somente não preenche o insaciável vácuo que suga-me a existência de dentro para fora e de fora para dentro, num infindo vai-e-vem orgástico. Pensar não é suficiente para dissipar as outras partes intangíveis de mim: aquelas que nutrem-se de afetos e ternuras, de emoções impensáveis e inenarráveis. ...E o que dizer do inverso de mim, do meu avesso? Já procurei metáforas e neologismos pós-modernos que pudessem definir-me num catálogo de espécimes intergalácticos, mas somente uma única palavra-conceito ainda persuade-me na tentação de autodefinir-me: sou um ser-interrogação, tal como mera dúvida-vivente. Somente a interrogação após a interrogação tem permanecido presente em meu ser. Nenhuma outra pseudo-verdade traz-me a vã quietude, nada ecoa dentro de mim como legítima resposta. A inverdade sempre ressurge de máscaras novas e nunca consigo ver a própria imagem no espelho – ora absorvido e confundido pelo imensurável vazio de mim mesmo. ...Quem sou eu: inverdade-interrogativa, inverdade-resposta, ou inverdade-silêncio? Sou a inverdade-réplica, ou a triunfante tréplica-interrogativa? ...Os jogos de respostas, as frases prontas, as receitas mirabolantes, os invencionismos ideológicos e tecnológicos, os irrecicláveis lixos teórico-intelectuais, não podem sequer reconstruir meus sentimentos ora degenerados pela desesperança. Todo este carnaval de idéias e ideais soa-me como impotente diante de uma necessidade tão elementar e indispensável: o amor. Mas não falo do amor compreensível, daquele explicado nos compêndios de psicologia e filosofia, ou ilustrado na fatídica literatura ou dramaturgia universais. O amor que necessito não se explica, não pode ser adornado por palavras... nem pesado ou medido. Careço desta chama da vida e por isso meu ser ainda é como um vazio sem fim. Sei que penso, questiono, duvido e reflito... mas isto não significa que estou vivo, pois a lógica e a razão fornecem-me apenas uma centelha de vida! Apenas o imenso vazio sobrevive em mim... Então já não sou mais uma simples interrogação-vivente ou não-vivente! Não sou um! Não sou inteiro! ...Sou meio! Sou meia-interrogação, meia-não-resposta, meio-vivente-não-vivente, meio-tudo, meio-nada... Sou apenas meio-alguém sem ela. Sem aquela que daria sentido às minhas buscas, gosto às minhas dúvidas e prazer aos meus encontros!  (Acesse também: http://escritortav.blogspot.com/)

3 comentários:

  1. A MAIS PLENA ESSÊNCIA, AMIGO... E ENCONTREI TU EM CADA PALAVRA ESCRITA AQUI!

    AMEI!

    ResponderExcluir
  2. hahahahahah!!
    É verdade, rs!
    Obrigado por comentar! Bjs!

    ResponderExcluir
  3. Sou meia interrogação!!! É fato.. ta na minha cicatriz na cabeça! aheuhaeuahuheu
    Zuera. =P
    Descreveu bem, amigo.
    Refleti no texto e viajei nas partes do amor.. ^^
    Abração e bjs.

    ResponderExcluir