Poesia Amor (da 51 a 55)

Livro: Lendas de Um Coração - Poesia em Defesa do Amor- Vol. I-1, Coleção Cactos.
Autor: Álef Rosh Benavraham
Total: 100 Poesias

 

51. DESEJOS

Sinto vontade de estar hoje ao seu lado,

Olhando nos olhos, vendo seu corpo sensual,

Tocando sua pele macia e perfumada,

Transmitindo calor numa paixão envolvente...

Juntar suavemente os meus lábios aos seus,

Sentir o sabor dos seus beijos quentes,

Acariciá-la, loucamente, em brasas,

Aproveitando cada pedacinho do seu corpo...

Rolar com você pela cama aconchegante,

Unindo nossos corpos num só prazer,

E entre beijos, abraços, apertos e delírios,

Conseguir conquistar ainda mais o seu amor...

52. MEU INSTANTE

Há um abismo faminto atrás de mim...

À medida que tiro os pés do chão,

Um precipício se abre,

A garganta da terra se dilata,

Engole você e o nosso passado...

Nada mais existe atrás de mim...

O passado foi consumido,

Digerido pelo ventre do abismo,

Transformado num vazio sem fim...

As covas se abrem cada vez mais rápido,

Acelerando-me os passos,

Fazendo-me correr para o presente,

Ao eterno presente...

Nada existe à minha frente,

Nada ainda foi criado,

Você não estará lá comigo...

Tudo o que existe é o meu instante...

53. TÚNEL

Confuso, recluso no final do túnel,

Escondido de tudo que tenha luz...

Não quero sair como mariposa

Atrás de toda lâmpada que acende

Por outras pessoas e amores,

Mas que nunca brilham

Para mim ou por mim...

Nada brilha em minha densa escuridão,

Sou a plena ausência de luz e de sombras,

A pequenez da existência que se esconde...

Não quero sair deste exílio sem fim,

Nem darei outra sentença à minha alma,

Ou segunda chance ao meu corpo...

Renegarei a vida que míngua...

Cansei desta busca sem fim,

Tendo a visão ofuscada por luzes falsas,

Por pessoas que se acham capazes

De iluminar caminhos e caminhadas...

Preciso de quem me ilumine por dentro,

Dissipando medos e angústias,

Devastando inseguranças,

Eliminando mágoas e feridas,

Arrebentando as paredes deste túnel

Que ergui apenas para me proteger...

Só sairei se for para renascer do amor,

Para ser a própria luz que brilha

E que faz brilhar tudo em minha volta...

54. TENHO O TEMPO

Tenho a vida inteira,

Tenho toda a vida,

Todo o tempo para amar...

Ando sem pressa,

Sigo em círculos,

Horizontais, verticais...

Dou ré...

Recomeço sem rumo,

Sem alvos, sem pressa,

Sem medo de não chegar...

Tenho tempo,

Tenho todo o seu tempo,

Todo o tempo para amar...

Sigo sem medo de chegar...

Perco-me, acho-me,

Vivo o tempo,

Vivo os nossos dias,

Vivo sem pressa de chegar...

Tenho todo o tempo,

Tenho a vida inteira

Pra deixar o tempo passar...

55. VOU REVIVER...

Estou olhando a chuva,

Vendo como árvores e frutos

Se alegram com ela...

O céu cinza esconde tudo,

Faz-me pensar no finito,

Parece grande gaiola

Onde passarinhos estão soltos...

Uma fruta caiu,

Morcegos voaram,

Raios cortaram o céu

E um estrondo me fez acordar...

Estou numa gaiola,

Grades da janela

Separam-me do mundo,

A chuva não me molha,

Meus ramos e brotos

Começam a secar...

Vejo o finito em tudo,

O cinza dá lugar à negritude,

Lamento não poder voar,

Não vou a lugar algum

Além das grades deste mundo

Que ergui à minha volta...

Outro raio de luz, outro estrondo,

Outra fruta caindo,

Outra árvore brotando na chuva,

Tudo adiante dos olhos...

Sob o cinza do céu,

Você é a árvore

E eu sou a fruta que caiu:

Procuro vida em mim,

Busco enxergar o infinito,

Desejo que a chuva me regue...